A abordagem de processo, como a
sistematização do conhecimento que permite fazer mais por menos, cria um
círculo virtuoso de aprendizado para melhoria. Mas mesmo nas organizações onde
predominam processos, é fundamental o projeto.
Uma questão freqüente entre gestores de
empresas preocupados com melhoria do desempenho é: "devemos organizar por
projetos ou por processos?” Ou ainda: “como resolver o conflito entre projeto e
processo?” Há os que dizem “o que funciona agora é abordagem por
processos", com uma afirmação pretensamente revolucionária. E outros já
dogmatizam: “processo já era, pois tende a engessar a estrutura e tolher a
criatividade”.
Para chegar a uma posição consistente,
devemos partir da definição. Projeto é um empreendimento com começo e fim
pré-estabelecidos, que visa desenvolver solução para um problema ou atender à
demanda específica de uma pessoa ou organização cliente. Além disto, são
características essenciais a sua singularidade e alguma incerteza quanto aos
resultados e condições para sua realização, até porque normalmente envolve
criação ou mudança. A gestão do projeto é focada na busca de resultados
esperados com máxima aderência de prazo e recursos. Pressupõe inovação.
Processo é uma ordenação lógica de
atividades interligadas, para realizar sistematicamente produtos ou serviços
que representam valor para uma pessoa ou organização cliente. Dessa forma, são
características essenciais a sua regularidade, a previsibilidade do resultado e
o conhecimento das condições para sua realização. A gestão do processo foca em
assegurar o resultado planejado, com a menor variação possível, o que deve
ocorrer indefinidamente. Pressupõe ciclos de aprendizado.
Com base nessas definições, podemos
entender que há organizações em que predominam projetos, notoriamente as
voltadas ao desenvolvimento: empresas de arquitetura e construção, laboratórios
de pesquisa, engenharia de produtos, propaganda e marketing. Por outro lado, em
todas as empresas existem processos, formalizados ou não, como, por exemplo, as
rotinas de contabilidade. Em termos de negócio, falamos de processos como a
estruturação das práticas que permitem produzir com eficiência sua proposição
de valor para o seu mercado alvo. Fabricantes de bens e consumíveis, redes de
alimentação, prestadores de serviço em geral são exemplos onde processos
asseguram condição para atender aos compromissos de entrega e satisfação
pré-estabelecidos.
Fazer mais e melhor por menos – Com
clientes cada vez mais sofisticados e exigentes e aumento da oferta, a equação
tende a favorecer quem faz mais, melhor e por menos. Isso implica negócios cada
vez mais complexos, capazes de agregar mais valor, seja criando novos produtos
ou integrando mais serviços, ao mesmo tempo em que reduzem custos otimizando a
cadeia de suprimentos. Mais do que ativos físicos, a vantagem competitiva hoje
está apoiada na capacidade de interpretar rapidamente os anseios do mercado e
coordenar competências essenciais para traduzi-los em produtos e serviços com
valor superior. Como conseguir?
A abordagem de processo, como a
sistematização do conhecimento que permite fazer mais por menos, cria um
círculo virtuoso de aprendizado para melhoria. Mas mesmo nas organizações onde
predominam processos, é fundamental o projeto, pois sem inovação poderá não
haver resposta compatível com a velocidade das mudanças e com as demandas dos
clientes. A estruturação em processos viabiliza e dá sustentação ao ambiente
cada vez mais complexo das organizações modernas, integrando pessoas e sistemas
num ambiente colaborativo. O enfoque de projetos, por sua vez, imprime a
dinâmica da ruptura, da mudança, da superação em busca de novos patamares de
valor e desempenho.
Pergunta: Pense na sua empresa. Seria possível implantar
as duas abordagens citadas no texto? Se você tivesse que escolher entre uma
delas, qual seria? Justifique suas respostas.